Arquivo mensal: fevereiro 2014

Mais sobre os reviews. Ou: uma forma barata de vender seus produtos, mas com cuidado

Encontrar um influenciador pode ser mais eficaz do que divulgar o produto das maneiras tradicionais. Alguém com milhares de fãs nas redes sociais permite atingir muita gente com pouco recurso. Mas é preciso cuidado na gestão desse relacionamento.

O Wall Street Journal deu algumas dicas para as empresas que querem tentar alcançar os consumidores através de influenciadores:

Escolha com atenção: As empresas costumam procurar por blogueiros conhecidos, que já mantém transparência total em seus reviews. Eles precisam deixar claro como conseguiram os produtos e qual a relação com a empresa para evitar problemas e até boicote dos consumidores. Encontre um influenciador que seja a cara da empresa ou do seu produto.

Acompanhe: Não assuma que os blogueiros irão agir por conta própria ao informar os consumidores sobre os serviços, produtos ou o pagamento de alguma empresa. Isso deverá ser parte também da política da empresa quanto à atuação nas mídias sociais.

Respeite a opinião: As empresas não devem tentar controlar os reviews a menos que algo seja divulgado incorretamente. Interferir na opinião do influenciador pode ser encarado como um contrato, ou, pior, como publicidade velada.

A publicidade velada pode acabar em processo no Conar (lembram do caso da Sephora?). É preciso deixar claro quando um post é patrocinado por uma marca e possui, portanto, natureza comercial.

Os reviews dos consumidores x a atenção das pequenas empresas

Uma pesquisa da empresa Dimensional Research revelou que 90% dos consumidores afirmam que reviews positivos influenciam suas decisões de compra. Já falamos algumas vezes sobre o poder que os consumidores têm atualmente.

Em contrapartida, outra pesquisa financiada pela Yodle, uma empresa de marketing digital de Nova Iorque, revelou que as pequenas empresas parecem não dar a atenção necessária para os reviews online.

Parece haver um desencontro entre os donos de pequenos negócios e os consumidores no que se refere às opiniões publicadas na internet. Foram entrevistados 300 proprietários de pequenos negócios e metade deles afirmaram que os reviews positivos são importantes.

Entretanto, 87% disseram não pedir aos consumidores que opinem sobre suas experiências nos sites. E dois em três não perdem tempo algum monitorando os reviews.

Qual será o motivo desse desencontro? Falta de recursos para investir no monitoramento? Falta de conhecimento para lidar com os consumidores na internet? Dificuldade em gerenciar reviews negativos? Alguém?

Perguntar não ofende

Você pode testar uma ideia sem gastar um caminhão de dinheiro. Não custa nada perguntar, é de graça. E as respostas podem ajudar muito a afinar discurso de venda, a melhorar o atendimento, a descobrir algum produto que pode agradar e não está nas prateleiras…

O Wall Street Journal contou uma história interessante sobre uma empresa que vende redes tailandesas, chamada Yellow Leaf Hammocks, localizada em São Francisco. Antes de largar o emprego e mergulhar de cabeça no negócio, o fundador, Joe Demin, comprou algumas redes em uma viagem para a Tailândia e tentou vendê-las em feiras de artesanato e festivais.

O contato com os consumidores trouxe insights importantes sobre a venda dos produtos. Para Demin o conforto era o principal atributo e o melhor argumento para a venda. Ele descobriu que, além disso, os consumidores também perguntavam sobre a facilidade de instalação e sobre a durabilidade, já que as redes ficariam em locais abertos. As descobertas foram incorporadas à estratégia de vendas antes do investimento em um site de e-commerce. Deu certo e hoje a Yellow Leaf Hammocks é uma empresa lucrativa.

hammock

Acima, seção do site que explica como instalar: Importante pra vender os produtos.

História simples que mostra como é imprescindível saber o que o consumidor pensa e como, muitas vezes, é fácil descobrir. Abordar potenciais clientes por e-mail é outra técnica que pode ser usada sem gastar mundos e fundos. Respostas positivas podem ajudar a mostrar para potenciais investidores que sua ideia vale a pena. Por que não perguntar?

O desmatamento no mapa, quase online.

Entre 2000 e 2012 230 milhões de hectares de árvores foram perdidos, segundo dados do Google e da Universidade de Maryland. Isso equivale a 50 campos de futebol de árvores derrubadas a cada minuto nos últimos 12 anos. O grande problema para lidar com essa situação é a falta de informação. Na verdade, era.

gfw

O World Resources Institute desenvolveu o GFW (Global Forest Watch), que utiliza 500 milhões de imagens em alta resolução da NASA, o poder de computação em nuvem do Google e algoritmos desenvolvidos pela Universidade de Maryland.

O sistema computa as perdas e os ganhos. Enquanto perdemos 2,3 milhões de quilômetros quadrados de cobertura de floresta tropical ganhamos 800 mil novos, somando uma perda líquida de 1,5 milhões de quilômetros quadrados. O monitoramento é quase em tempo real.

O sistema permite que ativistas e comunidades locais façam upload de informações, fotos e vídeos de áreas vulneráveis em todo mundo. Quando as perdas de árvores são detectadas alertas são enviados para redes de parceiros e cidadãos, que podem agir imediatamente.

Para as empresas a grande vantagem é poder mostrar, através de banco de dados, que seus produtos são provenientes de fontes legais e licenciadas. A tecnologia foi financiada por doações do Reino Unido, Noruega e Estados Unidos. Entra lá e confere!

Reportagem é da BBC.

O manual de boas maneiras do Google Glass e a aceitação de novas tecnologias

Será inovação demais para explicar ao público? A aceitação de novas tecnologias é objeto de estudos há algum tempo, com o objetivo de analisar o uso e o comportamento dos usuários. A aversão inicial parece compor um ciclo normal e, quando nos damos conta, estamos usando aquele produto que pensávamos nunca precisar.

Um usuário do Google Glass já foi expulso de um restaurante em Seattle e o produto ainda é estranho para a maioria de nós. Diante disso o Google resolveu lançar um tipo de guia para quem resolver usar os óculos. O que fazer e o que não fazer com o produto.

No topo da lista de proibições está a sugestão de não se empolgar demais ao usar o produto em público e ficar parecendo um estranho, olhando para o nada. O Google também avisa que algumas pessoas vão querer saber mais sobre a tecnologia e pede paciência aos usuários: “Seja paciente e explique que o Google Glass tem muitas características semelhantes às dos celulares”.

Apesar da divulgação intensa caracterizando o produto como a grande novidade há pesquisas mostrando que poucas pessoas usariam. A BiTE Interactive publicou alguns dados sobre isso no ano passado: 38% dos americanos não comprariam o Google Glass mesmo por um preço baixo, 45% temem que o produto seja ruim de usar ou esquisito socialmente e 44% não enxergam benefício algum.

Mesmo com estes números uma série de empresas e desenvolvedores investiram em aplicativos para o produto. Mídias sociais, como Facebook, Twitter, Tumblr e Path também compraram a ideia. Muita gente acredita que as novas tecnologias de vestir representarão uma nova era na interação entre os produtos e os usuários.

Talvez para nós, meros consumidores, ainda seja um pouco difícil de enxergar, mas o Google Glass já mostrou para que veio. Apesar de toda estranheza dos consumidores diante do produto ele abriu portas para outras grandes inovações e inaugurou um novo modo de interagirmos com a tecnologia. Vai comprar um?

A matemática dos jogos de inverno

Vamos misturar um pouco de números aos jogos de inverno que acontecem na Rússia? A Noruega já ganhou 18 medalhas nos Jogos Olímpicos de Sochi, uma a mais que o melhor desempenho do país desde os primeiros jogos de inverno em Chamonix, em 1924. Gostou do desempenho?

Mas, em 1924, os jogos se resumiram a 16 eventos e 49 medalhas no total (houve um empate). Naquela ocasião o país ficou com 34,6% do total das premiações. Neste ano são 98 eventos e um total de 294 medalhas, no mínimo. A Noruega conseguiu até agora arrematar 6% das medalhas.

Vai ser bem difícil algum país conseguir um terço das medalhas do evento de novo. Segundo reportagem da Bloomberg, o número de medalhas vem subindo ano a ano. O número de eventos também, e esse aumento ajuda as emissoras de televisão preencherem o tempo e venderem anúncios.

Como consequência, a quantidade de países ganhadores de medalhas também aumentou. Em 1924 foram 10. Em 2014 já temos 26, e os jogos ainda não terminaram. Mais eventos, mais medalhas, mais histórias, mais heróis e mais horas de televisão. E menos confete pra Noruega, que ganhou mais medalha, mas teve queda no desempenho.

Esse post só serve para você questionar os números que vê por aí, ok?

A espionagem com permissão

A Placed é uma startup de Seattle que conseguiu convencer 125 mil pessoas no país a baixarem em seus smartphones um aplicativo que rastreia todos os locais por onde passaram. Um contraponto à onda de espionagem feita pelo governo americano, tão comentada atualmente.

placed

Segundo a Bloomberg Businessweek, a Placed premia os usuários de acordo com o tempo que eles permitem o monitoramento. Com isso a startup ganha um banco de dados rico e vende a inteligência para empresas e anunciantes em mobile. O aplicativo é inteligente o suficiente para limpar os dados e aplicar um pouco de lógica. Às duas da manhã, por exemplo, ele consegue inferir que o usuário está em um bar e não em uma loja de varejo localizada ao lado.

O app pede a permissão dos usuários antes de visualizar os dados pessoais e garante que pode transmitir até mil locais por dia utilizando apenas de 5 a 15% do uso da bateria. Com isso é possível identificar, por exemplo, que mães asiáticas compram mais frequentemente na Trader Joe’s (lojas de conveniência, com um mix pequeno de produtos) do que mães brancas, que tendem a frequentar grandes redes de supermercado. O McDonald’s é o restaurante mais visitado no país, atraindo quase a metade dos americanos com pelo menos 13 anos. Entre os de 25 a 34 o Taco Bell ganha.

Dados valiosos sobre localização, e com permissão dos usuários.

Aqui jaz um produto

Qual o futuro do jornal impresso, das locadoras de vídeo, dos talões de cheques e das mídias físicas? Esses são só alguns produtos ou serviços com um futuro nebuloso pela frente.

A revista Info Exame de fevereiro listou 11 coisas que deixarão de existir, e temos certeza que você deve ter pensado em muitas outras quando leu o início deste post. Talão de cheque quase ninguém mais usa, mas e os blue rays? São produtos relativamente novos e mesmo assim fadados a morrer. Publicamos uma frase de Bill Gates que explica como devemos pensar em tempos que produtos nascem e morrem rápido demais.

A revista New Yorker também ajuda a pensarmos sobre o assunto no artigo “The trouble with toys”, que fala da influência dos vídeo games na venda dos brinquedos.”Nós não vendemos bonecas Barbie suficientes”, disse Bryan Stockton, CEO da Mattel ao anunciar os resultados de 2013. A receita da empresa caiu 17%. As crianças preferem os eletrônicos, e isso não é mais novidade há algum tempo.

Os vídeo games podem ser utilizados com apenas um jogador, oportunidade que não pode ser oferecida por um tabuleiro de xadrez, por exemplo. Além disso os jogos contam uma história, que é a chave para prender a atenção das crianças de hoje.

Para dificultar ainda mais a vida dos brinquedos tradicionais dois outros produtos também disputam a atenção da criançada: tablets e smartphones. E esses dificultam a vida dos consoles de vídeo game também, já que marcam presença no bolso dos consumidores 24 horas por dia.

skylander

O jeito que a indústria encontrou para continuar viva é pegar carona no sucesso dos vídeo games. Alguns brinquedos se integram ao jogo, como avatares, e são vendidos no mercado como acessórios para vídeo games. Acima, boneco do Skylander, jogo que junta o físico com o digital. Resta saber até quando isso irá funcionar.